
Quando é normal ouvir zumbido no ouvido
Dra Elaine Miwa Watanabe é médica otorrinolaringologista pesquisadora em zumbido no ouvido
Quando é normal ouvir zumbido no ouvido
Quando é normal ouvir zumbido no ouvido? Isso existe? Antes de mais nada precisamos definir o que é zumbido no ouvido: é a percepção de um som na ausência de um estímulo sonoro. Ou seja, não se trata de um som vindo do ambiente. Dessa forma, outras pessoas não são capazes de ouvir esse som.
Existe zumbido “normal”?
De acordo com os estudos científicos, sim! Segundo esses estudos, existe um tipo específico de zumbido que considera-se “normal”, como veremos a seguir detalhadamente os motivos.
Como se descobriu que um zumbido pode ser normal?
Com o propósito de se estudar as vias auditivas, descobriu-se que é possível captar uma energia sonora no canal externo do ouvido, por meio de um microfone, que são as Emissões Otoacústicas. De tal maneira que esse exame detecta a atividade das células ciliadas que fazem parte da nossa audição.
Quais são os tipos de Emissões Otoacústicas?
A saber existem os tipos:
- Emissões Otoacústicas Espontâneas
- Emissões Otoacústicas Evocadas
- Transientes
- Produtos de Distorção
O que são as Emissões Otoacústicas Espontâneas (EOE)?
Inicialmente focaremos nas EOE porque são essas que nos interessam para o assunto de hoje: “quando o zumbido é normal”. Isso porque esse exame consegue identificar a atividade de um tipo específico de células que trabalham na nossa via auditiva, as chamadas células ciliadas externas. Além disso, esse exame não precisa de uma fonte sonora como ocorre nas outras Emissões Otoacústicas. Por isso tem esse nome, são chamadas de Espontâneas.
Qual a relação desse exame com o zumbido “normal”?
De acordo com a literatura científica, descobriu-se por meio desse exame, foi possível detectar a presença de microsons na orelha de algumas pessoas mesmo em ambiente absolutamente silencioso. Dessa forma, é possível que algumas pessoas tenham zumbido por uma atividade espontânea das suas próprias células ciliadas externas e isso gerar zumbido no ouvido. Foi aí que se descobriu que pode ser natural daquela pessoa a percepção de um zumbido.
Em quem é mais comum a presença de EOE?
Conforme os estudos científicos, é bem comum encontrar em recém-nascidos e essa capacidade vai se perdendo ao longo da vida. Porém, essa capacidade pode também permanecer na vida adulta. Por isso, é possível que algumas pessoas tenham zumbido desde criança, bem baixinho, muitas vezes só perceptíveis em ambientes bem silenciosos, sem nenhum problema de audição e que nunca se incomodaram. Então, é como se isso fizesse parte da vida da pessoa desde que ela nasceu.
Então é possível ter zumbido por uma atividade espontânea das células do ouvido?
Sim! Dessa forma, esse tipo de zumbido não é consequência de nenhum tipo de perda ou lesão auditiva. É provável que muitas dessas pessoas digam que sempre ouviu o “som do silêncio”.
Onde consigo fazer esse exame?
Contudo, pelo fato deste exame ser mais de interesse científico, não é um exame que se faça em laboratório como no caso dos exames de Otoemissões Acústicas Transientes e Produtos de Distorção. Aliás esses exames também podem vir a ser necessários para a investigação diagnóstica de zumbido, mas isso vai ser abordado em outro post!
Quando devo procurar ajuda?
Acaso esse zumbido de infância que nunca incomodou mude de característica, procure avaliação de um otorrinolaringologista caso ocorra alguma das mudanças abaixo:
- Mudança do som: Um chiado virar um apito por exemplo
- Mudança de volume: Se o zumbido ficar mais alto ou mesmo oscilar de volume, ora mais alto, ora mais baixo
- Tornar-se incômodo: E antes não incomodava nada
- Alteração do sono ou da concentração: Por causa do zumbido
- Sinais de ansiedade, depressão ou irritabilidade por causa do zumbido: Características ausentes antes do zumbido começar a incomodar
- Lateralidade: Se ficar mais alto só de um lado
- Se atrapalhar na audição
- Se por algum motivo causar preocupação
Bibliografia:
- Penner, MJ, Linking spontaneous otoacoustic emissions and tinnitus. Br J Audiol.1992 26(2):115–23
- Burns, EM, KH Arehart, and SL Campbell, Prevalence of spontaneous otoacoustic emissions in neonates. J Acoust
Soc Am, 1992 91(3):1571–5 - Imagens Pexels