Dra Elaine Miwa Watanabe

Dra Elaine Miwa Watanabe

Otorrinolaringologista

Zumbido tem tratamento

Perguntas e respostas sobre Zumbido no ouvido

Perguntas e respostas sobre zumbido no ouvido

Essa seção de perguntas e respostas sobre o zumbido no ouvido é para te ajudar a tirar algumas dúvidas sobre o assunto. Zumbido é a percepção de um som ou barulho na cabeça ou nos ouvidos. Não se trata de um som percebido no ambiente. Pode ocorrer em apenas um ouvido ou ambos. Atualmente, segundo a literatura,  20% da  população mundial tem essa queixa. Não existe idade mínima ou máxima para tê-lo. Crianças, jovens, adultos ou idosos, qualquer pessoa pode ter zumbido. 

Existem vários tipos de zumbido?

Sim! Constantemente ouvimos vários tipos de relatos diferentes de sons de zumbido. Comumente os pacientes se queixam mais de zumbidos parecidos com um apito ou um chiado. Só para exemplificar, podem ser parecidos com barulho da panela de pressão, cigarras cantando, abelhas, televisão ou rádio fora de sintonia. Outros são pulsáteis e chegam a acompanhar o barulho do coração. Além desses alguns se assemelham com o bater de asas de borboleta ou barulhos tipo “clicks” ou “clocks” ou “tec tec tec”. Ou seja, existe uma infinidade de tipos de zumbido.

Uma pessoa pode ter mais de um zumbido?

Sim! Frequentemente vemos que um único zumbido pode ter mais de uma causa, desde perda auditiva, uso de medicamentos, alterações hormonais , metabólicas, musculares ou ósseas, enfim uma infinidade de comorbidades. Assim, é possível também o mesmo paciente ter mais de um tipo de zumbido. Por exemplo, a pessoa pode se queixar de um chiado e um apito simultaneamente. Ou de um chiado e uma pulsação.Isso é comum. Consequentemente o tratamento é muito individualizado. Portanto, um zumbido pode ter o mesmo som mas pode não ter o mesmo tratamento. 

Como saber a causa do zumbido?

Como existem várias causas, o médico otorrinolaringologista experiente em zumbido vai fazer a investigação diagnóstica  e assim iniciar o tratamento mais adequado. Existem vários exames que podem avaliar a audição, o metabolismo, as condições dos nervos e osteomusculares, que quando necessárias são pedidos pelo médico. Cada caso deve ser analisado individualmente de acordo com o tipo de zumbido que a pessoa tem. 

Zumbido pode ser musical ?

A princípio o zumbido musical é um tipo de zumbido que algumas pessoas ouvem em forma de melodia. Frequentemente lembram músicas de infância, sejam elas alegres ou tristes, com ou sem vozes, não há um padrão. No entanto, quando há vozes, geralmente não dá para identificar palavras. Por isso se diferencia de outros tipos de zumbido que só apitam ou só chiam. Consequentemente, a pessoa percebe que essa música que está ouvindo está dentro da sua cabeça e portanto, não é um som do ambiente que outras pessoas possam ouvir.

É comum o zumbido musical?

É uma queixa pouco frequente. De acordo com a literatura, uma pesquisa encontrou o zumbido musical em 16 a cada 10.000 pessoas. Mas ainda é necessário muito estudo para se confirmar essa informação na população como um todo.

O que causa o zumbido musical?

Do mesmo modo que outros tipos de zumbido no ouvido, este pode ser causado por uma série de alterações que precisam ser investigadas. Desde problemas auditivos, lesões cerebrais, doenças psiquiátricas, epilepsia, alguns medicamentos e causas metabotóxicas.

Quais são os fatores de risco do zumbido musical?

Os principais fatores de risco são idade maior que 61 anos, do sexo feminino com perda auditiva associada (em geral moderada a severa) e isolamento social.  Inesperadamente pode ocorrer também após uso de algumas medicações.

Como é o tratamento para o zumbido musical?

O tratamento vai depender da causa base. Se por exemplo, ocorreu após uso de uma medicação, a sua substituição pode fazer desaparecer esse tipo de zumbido. Mas cada caso deve ser avaliado e examinado pelo seu médico.

Café faz mal para o zumbido?

Pois bem, é possível que a resposta para essa pergunta seja: depende. Conforme é sabido, o café tem propriedades estimulantes que podem interferir no sono e na ansiedade. Assim, se a pessoa não dorme bem ou estiver em crise de ansiedade ou estresse, nota-se que o zumbido aumenta. Além disso existe a sensibilidade individual de cada pessoa. Algumas melhoram muito diminuindo-o.

Por outro lado, o café tem substâncias antioxidantes, assim como o vinho. Por isso, é possível que haja uma ação protetora nas vias auditivas e até uma possível melhora do zumbido.

Portanto, se usado com moderação, o café pode ser sim benéfico para o nosso bem estar. Em contrapartida o abuso, pode não ter esse efeito.

Naturalmente, enquanto os cientistas não se decidem se o café é definitivamente o vilão ou o mocinho para o zumbido, convém usarmos o bom senso.

Existe zumbido que acompanha o barulho do coração?

Sim! Sabemos que alguns zumbidos no ouvido podem acompanhar o  barulho do coração. As principais  causas são de origem vascular. A seguir vamos falar de uma delas, chamada Hipertensão Intracraniana Idiopática Benigna ou Pseudotumor Cerebral.

Hipertensão Intracraniana Idiopática Benigna pode dar zumbido?

Sim! Em geral o tipo de zumbido é pulsátil, acompanhando o barulho do coração. A Hipertensão Intracraniana Idiopática Benigna ocorre mais em mulheres jovens, obesas com queixa de dores de cabeça recorrentes. Frequentemente está associada a algum tipo de alteração visual como turvação, vista dupla ou alteração do campo visual. Eventualmente ocorre a queixa de perda da visão  que pode ser momentânea ou persistente.  

Quais os seus fatores de risco?

A Hipertensão Intracraniana Idiopática Benigna ou Pseudotumor cerebral tem esse nome porque não tem uma causa específica. Há um aumento da pressão intracraniana na ausência de um tumor verdadeiro. A saber enumera-se alguns fatores de risco como excesso de vit A, hormônios e uso de tetraciclina podem estar associados à dificuldade de drenagem liquórica.

Como diagnosticar esse tipo de zumbido?

Inicialmente quando o médico suspeita de Hipertenssão Intracraniana Idiopática Benigna, existem alguns exames que ajudarão no diagnóstico. O exame de fundo de olho por exemplo pode demonstrar alterações características de sofrimento do nervo óptico. Ou seja, a presença de papiledema, justificaria as alterações visuais por compressão nervosa. Além disso, exames de imagem como Tomografia e Ressonância Magnética podem revelar ausência de uma estrutura chamada “sela turca” . Outro exame fundamental é o de líquor com manometria. Conforme indicação médica colhe-se o líquor e mede-se a pressão do mesmo, que na Hipertensão Intracraniana Idiopática, estará alta. Geralmente as demais característica do líquor estarão normais.

Qual o tratamento para esse tipo de zumbido pulsátil?

Existem medicações que podem ajudar a diminuir a pressão do líquor. Entretanto em caso de insucesso, podem ser realizada cirurgias com o objetivo de diminuir essa pressão intracraniana. Além disso, a perda de peso é fundamental no tratamento. Assim como controles hormonais.

Zumbido no ouvido significa problema na audição?

Problemas auditivos mesmo que considerados “simples” podem gerar zumbido no ouvido. A presença de cera no ouvido por exemplo pode gerar uma distorção na percepção do som ambiente  e isso ser percebido como zumbido. Da mesma forma, a presença de corpo estranho e perfurações da membrana timpânica, independente do tamanho, são situações que podem ocasionar zumbido. E a perfuração timpânica pode ter várias causas desde infecções, trauma por uso de hastes flexíveis ou introdução de um objeto , trauma por som alto ou até mesmo quando a gente assopra o nariz com força ocasionando o que a gente chama de barotrauma. Por isso é fundamental a avaliação do médico otorrinolaringologista para examinar adequadamente o seu ouvido.

Pode ter zumbido com perda de audição?

Perda auditiva de qualquer natureza pode gerar zumbido, mesmo que seja por  uma simples cera no ouvido. E ao retirarmos a cera, se essa for a causa, o zumbido some. Mas e quando o ouvido não tem cera nenhuma e vamos perdendo a audição com a idade? Isso também pode dar zumbido? Sim, à medida que envelhecemos, vamos perdendo parte da função das células auditivas e elas se reorganizam de forma que distorções da nossa percepção ocorram e isso seria um dos possíveis mecanismos do aparecimento do zumbido.

Zumbido pode ser otosclerose?

Otosclerose é uma doença benigna nos ossinhos do ouvido, de origem hereditária, que pode ser uni ou bilateral. Ocorre por uma degeneração da parte óssea principalmente do osso chamado estribo e com o tempo, vai endurecendo a mobilidade dos ossículos no ouvido dificultando a transmissão do som. Por esse motivo a pessoa vai perdendo a audição ao longo dos anos. Inclusive existem alguns estudos que estimam que 60 a 80% das pessoas com otosclerose tenham zumbido e muitas vezes este pode ser o primeiro sintoma, mesmo que a pessoa não perceba perda de audição. Exames como audiometria e tomografia podem ajudar no diagnóstico. 

Zumbido pode ser Doença de Menière ?

Sabemos que a doença de Menière pode cursar com flutuabilidade nas queixas auditivas. Como assim? O paciente pode ter oscilação no zumbido e na audição ao longo do dia e geralmente estar associado a crises de tontura. O zumbido pode simplesmente aparecer e sumir completamente de uma hora para outra.  E como descobrir essa doença? O otorrinolaringologista é o médico especialista nessa área e pode fazer o diagnóstico diferencial com outras doenças que podem ter sintomas parecidos.

Existe Zumbido no ouvido com audição "normal" ?

Pessoas com audiometria considerada “normal” podem ter zumbido sim! Existem duas situações:  Primeira: a pessoa pode ter zumbido de causa não auditiva, ou seja, não necessariamente precisamos ter alteração no ouvido para ter zumbido. Por exemplo, se o zumbido começou após tensão no pescoço ou problema de mordida.E isso é extremamente comum. Segunda: uma pessoa que possui audiometria “normal” não significa que não tenha microlesões dentro da orelha, mais precisamente na “cóclea”, que é uma estrutura super importante na nossa audição. Existem exames que chamamos de “eletrofisiológicos” que conseguem verificar essas microlesões que nem mesmo uma ressonância magnética ou tomografia de ouvido conseguem ver. 

Alça vascular pode dar zumbido?

Existem pesquisas científicas na literatura que a simples presença da alça vascular AICA não significa que a pessoa tem ou terá zumbido. Porém, dependendo do grau da proximidade entre a alça e o nervo vestibulococlear, isso poderia gerar zumbido. Principalmente se esse contato for maior na porção que vai forma o nervo auditivo.

O que é alça vascular?

Nós temos muitas artérias,veias e nervos dentro do nosso cérebro. Além disso é muito variável a nossa anatomia vascular da região próxima ao ouvido chamada ângulo pontocerebelar. Essa variabilidade ocorre por causa do desenvolvimento tardio de duas artérias: a artéria cerebelar anteroinferior conhecida também em inglês sob a sigla AICA (anterior inferior cerebellar artery) e da artéria cerebelar posteroinferior. E justamente por causa dessa variabilidade, em alguns casos a artéria AICA pode adquirir um aspecto redundante em forma de alça que podem envolver estruturas vizinhas. Por isso se chama alça vascular.

Qual a relação entre alça vascular AICA e zumbido?

Frequentemente essa alça vascular pode encostar em alguns nervos dentro do nosso cérebro que chamamos pares cranianos. Consequentemente, pela proximidade, a alça pode estar em contato direto com o VII par craniano chamado de nervo facial e com o VIII par craniano chamado de nervo vestibulococlear. Ocorre que esse nervo chamado vestibulococlear se subdivide em dois ramos dando origem ao nervo vestibular e ao nervo coclear. Portanto, enquanto o nervo vestibular é responsável pela inervação do labirinto, o nervo coclear inerva quem? Advinhem: o ouvido.

O que é conflito neurovascular no caso da AICA e zumbido?

Dependendo do grau de compressão entre o nervo e alça vascular, isso pode gerar um “sofrimento” do nervo. Quando isso ocorre é chamado de conflito neurovascular.

Como é o zumbido no caso de conflito neurovascular?

A manifestação do zumbido pode ser diferente de uma pessoa para outra. Geralmente a queixa é de um barulho contínuo, na cabeça ou no ouvido, no lado em que a alça vascular se encontra. É muito comum a queixa ser um barulho tipo chiado ou barulho do mar ou cigarras ou algum outro parecido. E dependendo do grau de compressão da alça sob o nervo, é possível que a pulsação possa ser percebida pelo paciente. Nesse caso o zumbido será do tipo pulsátil que acompanha o barulho do coração.

Como é o diagnóstico e tratamento do conflito neurovascular que gera zumbido?

Exames de imagem como Ressonância Magnética da região do ouvido com contraste ou AngioRessonância arterial e venosa do Crânio podem detectar alterações vasculares. O tratamento visa minimizar o conflito neurovascular e a percepção da pessoa em relação ao zumbido no ouvido.

Bibliografia :

  • Etiologia. Watanabe E, Mezzalira R. In: Oiticica J, Mezzalira R, Cassou R, Bittar R (EE). Zumbido. Thieme Revinter. 2022. 1ª edição. p51-57.
  • Oiticica J, Mezzalira R, Cassou R, Bittar R (EE). Zumbido. Thieme Revinter. 2022. 1ª edição.
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