O zumbido no ouvido salvou Trump?
Será que um zumbido no ouvido salvou a sua vida?
Será que o Trump pode ter sido salvo por um zumbido no ouvido? Como é do conhecimento mundial, o ex-presidente dos Estados Unidos Donald Trump sofreu um atentado e publicou em uma rede social: “Soube imediatamente que havia algo errado no momento em que ouvi um zumbido, tiros e imediatamente senti a bala atravessando a pele.”
Inicialmente, gostaria de avisar que esse conteúdo não tem qualquer relação partidária e sim apenas uma análise médica dos eventos descritos pela imprensa.
Existem vários tópicos a se considerar e vamos discutir cada um deles a seguir:
1) A arma utilizada segundo a imprensa foi uma AR-15
Trata-se de um fuzil que pode produzir sons em torno de 165 a 175 dB na saída do armamento, ou seja, na “boca” do cano. Nesse sentido, para se ter uma ideia em relação ao volume, um show de rock pode ter de 120 a 140 dB, o lançamento de foguete tem um som em média de 180 dB e uma bomba atômica 190 dB. Todas as vezes que estamos em ambiente com som alto, quanto mais alto e maior o tempo de exposição, mais lesivo é para as nossas vias auditivas. Por isso nos sentimos “surdos” quando saímos de uma festa com som alto, por exemplo. E quando a lesão é reversível a audição volta ao “normal”.
2) O atirador estava a 120-150 metros de Trump
Quanto maior a distância até o alvo, menor será o som da “explosão”. Assim é o raciocínio quanto ao tamanho do cano. Desse modo, quanto maior o cano, mais “silencioso” é o disparo. Além disso, o ambiente aberto, que foi o caso, dispersa bem mais o som do que o ambiente fechado. E se por ventura tenha sido utilizado um silenciador, esse som tende a diminuir em torno de uns 30 dB, ficando em torno de 125 a 135 dB. Portanto, foi possível ouvir o estampido mas é pouco provável que tenha causado perda auditiva ou lesão permanente em células auditivas. Mas veja, não há informações sobres detalhes da saúde auditiva dele.
3) A lesão na pele pode dar zumbido no ouvido?
A imprensa não entrou em detalhes quanto às condições médicas de Trump, porém aparentemente o tiro pegou de raspão a parte externa da orelha, sem complicações mais sérias. Portanto, a lesão da pele em si, superficial, não causaria zumbido. Porém, caso tenha ocorrido um rompimento da membrana timpânica ocorreria um sangramento saindo de dentro do conduto auditivo. E isso sim, poderia causar zumbido. Por outro lado, segundo sua declaração, ele ouviu um zumbido, depois o som do tiro e depois percebeu a ferida. Geralmente, em caso de perfuração, o ouvido dói, desse modo, a ordem da declaração seria: tive dor, meu ouvido sangrou e depois percebi um zumbido. Então, é possível que não tenha tido perfuração timpânica.
4) Sistema de luta e fuga
Nosso corpo é capaz de ativar um sistema de “luta e fuga” quando somos submetidos a situações de estresse. Desse modo, é natural que quando ouvimos alguém gritando: “fogo! fogo!”, nós imediatamente ligamos esse sistema de alerta e na mesma hora saímos correndo fugindo da situação de perigo. Evidentemente, esse sistema de alerta reúne todas as informações sensoriais possíveis como cheiro de queimado e a presença de fumaça. Assim, em questão de segundos nossa mente fica mais alerta e o coração aumenta a frequência cardíaca, enfim, ocorre uma série de modificações no corpo para fuga nesse exato momento. Analogamente, no momento em que o Trump ouviu o zumbido, seguido de disparos e a orelha sangrando, conforme sua declaração, ele ativou na mesma hora o sistema de “luta e fuga” dele.
5) Zumbido no ouvido: ele percebeu algo “estranho”
Zumbido é um sintoma e não uma doença. Portanto, o zumbido é consequência de alguma coisa diferente que ocorreu no ouvido ou próximo a ele. Provavelmente, o som percebido por Trump foi da bala em movimento, causando vibração do ar e consequentemente produzindo um som. Ou seja, o zumbido ouvido por Trump, possivelmente foi do próprio projétil em curso. Nesse sentido, não é possível afirmar que o zumbido citado por ele tenha sido causado por uma lesão auditiva. Mas por outro lado, o som do zumbido o ajudou a ativar o seu “sistema de luta e fuga”. Então, tendo em vista tudo que foi divulgado até o momento, sim, o zumbido pode ter ajudado a salvar a sua vida, além de ter tido muita (mas muita mesmo) sorte.