Especialista em zumbido no ouvido
Quem é especialista em zumbido no ouvido?
O médico especialista em zumbido no ouvido é o que investiga, diagnostica e trata desse sintoma tão comum na população. A princípio, o otorrinolaringologista por cuidar das doenças auditivas, é o médico especialista a quem o paciente procura em primeiro lugar. Entretanto, o zumbido pode surgir também na cabeça, portanto outras especialidades médicas como psiquiatria e neurologia também são procuradas para avaliar esse sintoma.
Todo médico pode cuidar de zumbido no ouvido?
Sim! Embora todos os médicos de qualquer especialidade possam cuidar desse sintoma que aflige em torno de 20% da população mundial nem todos estão preparados para fazer uma boa investigação diagnóstica e dar seguimento adequado no tratamento. Em contrapartida temos o fato da atenção à esse sintoma ser relativamente recente no Brasil faz com que consequentemente nem sempre todos os exames sejam facilmente acessíveis à população brasileira. Sendo assim o otorrinolaringologista focado em tratar doenças do ouvido costuma ter mais experiência no diagnóstico e tratamento do zumbido no ouvido.
Como começar a investigar o zumbido?
A investigação da causa do zumbido vai depender de várias características de como o paciente percebe o zumbido : se é chiado ou apito, alto ou baixo, contínuo ou intermitente, pulsátil sincrônico com coração ou não, unilateral ou bilateral ou na cabeça toda. Ou seja, por aí se vê que o zumbido não é simplesmente um barulhinho percebido no ambiente. Contudo ainda assim podem existir outros barulhos associados como ventania, onda do mar, motor de geladeira, entre outros, porque é possível a pessoa ter mais de um tipo de zumbido. Portanto, tudo o que paciente diz é importante: como começou, fatores de melhora, fatores de piora, nome dos remédios que toma, se já trabalhou ou trabalha com ruído, como é o sono e se tem outras doenças associadas. Dessa forma, saber ouvir a queixa do paciente é fundamental antes de se pedir qualquer exame.
Como o zumbido apareceu?
Nem sempre essa pergunta é fácil de ser respondida. Mas às vezes o paciente percebeu o zumbido após exposição a som alto como um show ou explosão de fogos de artifício, ou ainda após sofrer algum trauma local como por exemplo bateu o cabeça numa queda, tomou uma bolada no futebol, entre outros. Pode ter aparecido também depois de alguma internação, virose, fase de estresse, esforço físico, mudança de medicação, atividade física, manipulação dentária ou de pescoço, noite mal dormida. Ou simplesmente o zumbido pode ter aparecido do nada sem nenhuma causa aparente.
O zumbido tem horário?
Percebe-se o zumbido com maior facilidade em alguns horários. Em geral, à noite, pelo silêncio do ambiente ele pode naturalmente ser percebido num volume mais alto. Porém, algumas pessoas podem notar o zumbido mais alto pela manhã também e não necessariamente relacionada ao silêncio do ambiente. E por que isso acontece? Algumas alterações do sono como a síndrome da apneia do sono, bruxismo e alterações cervicais que inclusive podem ser posturais durante o sono, podem causar ou até mesmo piorar o zumbido percebido. Outra situação é quando a pessoa tem alterações do metabolismo da glicose e pelo fato de ficar à noite toda em jejum também poderiam desencadear o aumento do zumbido.
O que o especialista em zumbido em ouvido vai ver no exame físico?
Após ouvir todos os detalhes das queixas e saber todas as medicações e tratamentos que o paciente faz, é a hora do exame físico. O médico especialista em zumbido no ouvido avalia as condições do conduto auditivo, se há fatores obstrutivos como cera ou infecção. Já que tais fatores quando excluídos podem fazer o zumbido sumir imediatamente. Nesse ínterim avalia-se também condições de mordida, articulações temporomandibulares e cervicais, bem como possíveis assimetrias musculares e ósseas que também podem interferir no zumbido do ouvido. Em seguida pode-se fazer uso do diapasão, que avalia de forma prática e rápida a audição da via aérea e via óssea. De forma que alterações da via aérea indicam possíveis lesões do tipo neurossensorial e alterações da via óssea falam a favor de lesões condutivas, com comprometimento da parte óssea ou até mesmo infecciosas.
Como o diapasão pode ajudar na avaliação do zumbido?
O zumbido é um sintoma muito subjetivo. Consequentemente, às vezes é difícil para o paciente saber caracterizar de forma precisa o que ele ouve. Até porque às vezes os ruídos do ambiente podem confundir com o som percebido como zumbido. Dessa forma, o diapasão, por ter várias frequências, pode ajudar o paciente a caracterizar se é mais fino, mais grosso ou um som intermediário. As frequências mais utilizadas costumam ser de 256 Hz, 512 Hz e 1024 Hz. Quem diria que em 1711, John Shore, um músico, criou uma dispositivo incrível utilizado até hoje por músicos, afinadores de instrumento, médicos como otorrinolaringologistas, neurologistas, entre outros. Conseguindo dar informações valiosas nas alterações auditivas de origem neurossensorial ou condutiva ou mesmo na percepção da sensibilidade tátil através da vibração e térmica.
Quais são os exames solicitados?
Juntamente com as informações dadas pelo paciente e o exame físico feito pelo otorrinolaringologista, os exames solicitados vão depender exclusivamente do tipo do zumbido. A princípio o otorrino solicita primariamente exames para saber como anda a audição. Cabe ressaltar que uma audiometria normal não significa que a causa do zumbido não possa ser originada no ouvido. Há também outros exames que podem dar dicas de alterações auditivas como por exemplo otoemissões acústicas transientes e produtos de distorção, pesquisa de potenciais auditivos evocados (PEATE ou BERA), eletrococleografia, pesquisa de reflexo do nervo acústico, impedanciometria, índice de porcentagem de reconhecimento de fala, audiometria de altas frequências e limiar do desconforto auditivo.
Para que servem exames eletrofisiológicos auditivos?
Os exames eletrofisiológicos podem ser complementares à audiometria que o otorrinolaringologista ou médico especialista em zumbido no ouvido costumam pedir. Muitas vezes a audiometria pode ser considerada normal e isso não significa que não possa ocorrer algum tipo de lesão auditiva. Como assim? Existem algumas lesões nas células do ouvido que não chegam a interferir na audição e portanto, nem na audiometria porém é possível perceber distorções nesses exames ditos eletrofisiológicos. Outra questão a se considerar é que muitas vezes a queixa do zumbido é unilateral. Em outras palavras, o zumbido no ouvido pode ser percebido em apenas um ouvido e não em ambos. Nessa hora, exames específicos podem ajudar na investigação da causa do zumbido.
Existem exames de imagem para investigar o zumbido?
Sim, em alguns casos é necessário a investigação mais aprofundada com exames de imagem como tomografia de ossos temporais, ressonância magnética de ouvido interno com visualização de ângulo pontocerebelar (este preferencialmente feito com contraste) ou até mesmo do crânio. Assim como em casos de suspeita de zumbido pulsátil de origem vascular exames como ultrassonografia doppler de carótidas , angioressonancia de crânio arterial e venosa também poderão ser solicitados. Até mesmo imagens de coluna cervical e ou articulação temporomandibular podem ser necessários. Contudo, nem todos os exames são igualmente pedidos para todos os pacientes.
O que ver no exame de sangue?
Exames laboratoriais ajudam o médico a verificar alterações metabólicas, hormonais e possíveis alterações que não necessariamente sejam a causa específica do zumbido porém podem piorar o incômodo do zumbido. Distúrbios do metabolismo do açúcar por exemplo tem potencial de causar lesões microscópicas no ouvidos que podem levar ao aparecimento do zumbido. Leia mais sobre zumbido, açúcar e metabolismo.
Existe exame que mede o zumbido?
Sim e ele se chama acufenometria. Através desse exame é possível se obter detalhes mais específicos do zumbido como o pitch, o loudness, o minimum masking level. Detalhes que pode ajudar na avaliação e no seguimento do zumbido. O pitch é o tom do zumbido, dado em Hertz, sinalizando se o som é mais agudo ou mais grosso, ou seja, quanto mais agudo, mais alta é a frequência em Hertz. Ao passo que o loudness, dando em decibéis, nos dá o volume ou a altura do zumbido, se é alto ou baixo. Já o minimum masking level é em que altura o som verificado na acufenometria deve estar para o paciente perceber que o zumbido “sumiu”.
Para que serve audiometria de altas frequências?
A audiometria de altas frequências é o exame que verifica os limiares auditivos do indivíduo a partir da frequência de 8 KHz. Com ele verifica-se se há alterações e principalmente a simetria. Geralmente é solicitado quando o zumbido é caracterizado como muito “fino” ou muito “agudo”, sobretudo se a audiometria convencional for considerada sem alterações.
E se ainda por cima tiver tontura?
Zumbido pode ou não vir acompanhado de tontura. Não necessariamente precisam ocorrer simultaneamente. Mas na vigência dos dois eles precisam ser investigados. E por que é comum essa associação? Porque todos nós temos dentro da nossa cabeça vários nervos cranianos. E um deles, o VIII par nervo craniano, chamado também de vestibulococlear se subdivide em dois nervos ao longo do seu trajeto: um vai para o labirinto (nervo vestibular) e o outro, chamado de nervo auditivo vai para o ouvido interno. Consequentemente, uma lesão no nervo principal pode dar sintomatologia tanto relacionada ao labirinto como à audição.
E para que serve o exame de eletrococleografia ?
O exame de eletrococleografia pode ser pedido para avaliação do zumbido. Esse exame também chamado de Ecog verifica basicamente se há um aumento da pressão dentro do labirinto. Essa condição é chamada de hidropsia endolinfática. Pode ser utilizada na suspeita da Síndrome ou doença de Menière. Comumente algumas pessoas podem relatar o aparecimento de tontura,zumbido e perda auditiva, que podem ou não ocorrer simultaneamente. Mas essa suspeita é levantada pelo otorrinolaringologista principalmente quando o paciente relata o aumento do zumbido e ou perda auditiva na vigência da crise de tontura. Daí a necessidade de um diagnóstico médico.
O zumbido pode mudar?
Sim, o zumbido pode mudar. Além de ser possível o indivíduo ter mais de um zumbido, é possível que o som mude também. Em alguns casos a pessoa pode relatar que era tipo chiado e que passou a ser um apito por exemplo. Ademais, para algumas pessoas pode ocorrer até mesmo de um som sobrepor a outros em alguns momentos. Assim, sabemos que o zumbido pode aumentar, diminuir ou até mesmo sumir e voltar ao longo do dia. Chamamos a esse fenômeno de modulação, isto é, o som do zumbido pode sofrer mudanças de uma hora para outra. Com tudo isso, som mais alto ou mais baixo, ter mais de um zumbido, nada disso representa maior ou menor gravidade. Daí a importância da investigação da causa do aparecimento do zumbido.
Tratamento de zumbido é tudo igual?
O tratamento de zumbido no ouvido não é o mesmo para todo mundo. Assim como as causas são diferentes, o tratamento também muda de uma pessoa para outra. Mesmo que o zumbido seja igualmente percebido como um chiado por exemplo, não quer dizer as causas sejam as mesmas. Tenha muito cuidado com receitas milagrosas que vemos todos os dias se espalhar nas redes sociais. É comum o relato de pessoas que pioraram o zumbido com essas “super dicas infalíveis” ou que tomou o remédio que foi bom para outra pessoa. Procure o otorrinolaringologista especialista em zumbido no ouvido ou o médico que tenha experiência em tratar zumbido no ouvido.
Bibliografia:
1) Zumbido.Oiticica J, Mezzalira R, Cassou R, Bittar R (EE). Thieme Revinter. 2022. 1ª edição. 2)Site Tinnitus Iniative Research: Diagnostic Flowchart. www.tinnitusresearch.net 3)Reprodução de imagem Pixabay